domingo, 27 de abril de 2014

O TESTEMUNHO CRISTÃO E O ESPÍRITO DA IGREJA

Por Fernando Camboim Filho

A parábola do Rico e Lázaro mostra que o questionamento do rico no Hades veio a partir de uma relação anterior com qualidades humanas, quando eles ainda estavam em vida, e com todas as oportunidades da prática do amor fraternal em Cristo. Depois dessa passagem era impossível qualquer tipo de auxílio de ambas as partes pois um abismo não permitia tal coisa. Estava fora da esfera do Evangelho de Jesus Cristo com suas propriedades eucarísticas, isto é, na carne e no sangue.

A Igreja é uma comunidade de pessoas que a princípio se escolheram reunir em nome de Jesus Cristo e participam da Sua Mesa. Nessa comunidade temos vários tipos de pessoas, temos pessoas célebres, temos pessoas que tem certa condição financeira, temos pessoas bem simples e pobres, temos pessoas com excelente capacidade de expressão e temos aqueles que não falam muito. Todos são membros uns dos outros em Jesus Cristo na qual não faz acepção de pessoas.

Na prática, a função de um Pastor é unicamente nivelar todos os irmãos em Jesus Cristo. Se por acaso um irmão se sente constrangido porque se julga inferior aos demais, o pastor deve ter olhos para perceber isso e elevar aquele irmão até a estatura de Cristo. Se por acaso um irmão se julga importante porque colabora mais dos que os outros, o pastor deve fazer com que o irmão desça do pedestal e se posicione em Cristo. Por exemplo:

Digamos que houve uma enchente, e um irmão mais humilde perdeu a metade de sua casa por causa das águas, ficando apenas com um cômodo que serve para quarto e cozinha, e onde todos dormem à noite espalhados uns sobre os outros. Aí entra a questão do dinheiro da igreja, que não tem limites, todos contribuem para levantar de novo a casa do irmão, porque o amor fraternal faz com que todos se
vejam nele. Por sua vez, o irmão que está sendo beneficiado tem que entender que não está devendo favores a ninguém, está recebendo o benefício por causa de Cristo e dá Graças a Deus. Ele mesmo gostaria de estar numa situação inversa, gostaria de estar ajudando a outros, pois mais bem aventurado é dar do que receber, mas não pode fazer nada a não ser estar agradecido.

A continência pastoral tem que ser unânime para todos e sem nenhuma preferência. O pastor tem que saber que nenhum aspecto de departamento, seja escola bíblica, louvores, tarefas criadas com objetivos evangelísticos, retiro, jejuns, dons espirituais, qualquer coisa que se possa inventar e ainda que seja do agrado das pessoas, ninguém tem nenhuma obrigação com coisas, pois nunca deverá ser maior do que as considerações eucarísticas, que expressa a superioridade do amor que nunca passará.

Depois de feito tudo isso, esse cristão está pronto para agir com todas as pessoas da
circunvizinhança, tratando-as como se elas mesmas pertencessem a sua própria comunidade definida como igreja, levando Jesus no coração com atitudes que irá chamar atenção, ainda que não esteja preocupado com isso, pois é luz do mundo.

O contrário de tudo isso, é ver pessoas que se dizem pastores, apóstolos, bispos, se colocando como intermediários para tudo aquilo que se possa fazer de bom para Deus, como se Deus precisasse de dinheiro, desnivelando as pessoas para serem individualistas. Não estão cuidando do rebanho de Cristo.

Fernando Camboim Filho