terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

PARÁBOLA DOS TALENTOS


Por
Romildo Gurgel

LEITURA BÍBLICA: (Mt. 25:14-30)

I – O QUE ENSINA A PARÁBOLA

a) Ensina que os servos do Senhor devem ser fiéis, administrando eficientemente o que lhes foi confiado, até o dia do ajuste de contas.

b) Ensina que os servos devem se ocupar durante a ausência do seu Senhor.

I – PANO DE FUNDO HISTÓRICO

A palavra talento, como a usamos hoje, se refere a um dom natural. Assim, se uma pessoa possui talento artístico e é criativa, geralmente é muito admirada. Mais, no novo testamento, talento se refere a uma moeda de uso corrente na época, e representa determinado valor em dinheiro. Nesta parábola devemos pensar em termos de um salário anual recebido por um trabalhador. As quantias que o Senhor confiou aos servos eram grandes, mais não exageradamente vultosas.
Uma pessoa de posse reuniu seus servos e comunicou-lhes que se ausentaria do país por um longo período de tempo. Ele tratou com seus servos como sócios em uma empreitada. Sua reserva de caixa importava em oito talentos, que ele confiou a seus três servos. O Senhor conhecia seus servos muito bem. Ele tinha aprendido a reconhecer a capacidade deles e sabia que podia confiar-lhes sua riqueza. Esperava que empregassem bem o dinheiro, de modo que quando voltasse, pudesse recompensá-los por incrementarem seus lucros. Assim, deu ao primeiro servo cinco talentos, ao segundo dois, e ao terceiro apenas um talento.
Com certeza, contratos foram feitos acertando as condições combinadas entre as partes. O capital naturalmente pertencia ao Senhor. Em troca, o Senhor poderia recompensar os servos adequadamente, e eles poderiam esperar novas participações na sociedade.
O primeiro servo investiu os cinco talentos, e logo havia dobrado a quantia. Assim fez, também, o servo que recebera dois talentos. Aquele a quem fora dado um talento, no entanto, teve medo de investir. Talvez se tivesse diminuído pelo fato de ter sido confiada aos outros servos uma quantia maior de dinheiro. Sabia que seu Senhor era um homem rigoroso, e que exigiria o lucro. Mas o lucro conseguido com um talento seria pequeno em comparação com o obtido com os cinco talentos, ou mesmo com os dois talentos do outro servo. Então, não vez nada com o dinheiro, apenas o enterrou. Assim ficaria em segurança. Por ocasião da volta do seu Senhor, poderia devolver-lhe a soma original de um talento.
Depois de um longo tempo, o Senhor voltou e chamou os seus servos para o acerto de contas. O dia do ajuste chegara. Os livros foram abertos e cada servo prestou contas do dinheiro que lhe havia sido confiado.
O primeiro servo apresentou não apenas os cinco talentos recebidos, mas, também os outros cinco que havia conseguido. Devolveu a seu Senhor o capital e o lucro, totalizando 10 talentos. Ele entregou a seu amo uma grande quantia em dinheiro, provava, sem dúvida, que tinha sido digno da confiança que nele fora depositada. Sem chamar atenção para si mesmo, com simplicidade, fez seu Senhor notar os cinco talentos adicionais.
A resposta do Senhor foi equivalente à fidelidade do servo. Foi generoso ao exaltá-lo e recompensá-lo. Primeiro, exclamou: “Muito bem”, elogiando o excelente desempenho do servo. A seguir, chamou-o de servo “bom e fiel”. E, em terceiro, o colocou como responsável por muitas coisas. Ainda, em quarto lugar, convidou a si assentar-se à mesa com o Senhor implica, obviamente, em igualdade.
O segundo servo apresentou-se diante do Senhor com os dois talentos, bem como com os dois a mais que ganhara no investimento que fizera com o dinheiro. Também este servo não procurou chamar atenção para si mesmo, mas para os talentos que conseguira. O Senhor não foi menos generoso com o segundo servo do que fora com o primeiro. Da mesma maneira, as recompensas foram equivalentes à fidelidade demonstrada. O Senhor provou ser muito generoso.
Quando o terceiro servo se apresentou para prestar contas, a sena mudou. Em vez de devolver o dinheiro que lhe fora confiado, como tinham feito os dois primeiros, o servo começou a fazer um pequeno discurso. Não louvou o Senhor pela generosidade demonstrada. Antes, descreveu o seu Senhor como um homem rigoroso, que ceifava onde não havia semeado, e que recolhia onde não havia espalhado a semente. Porque teve medo de arriscar, tinha cavado um buraco na terra e enterrado ali o dinheiro. Parecia dizer a seu Senhor: “porque o Senhor teve tão pouca confiança em mim, entregando-me apenas um talento ? O que eu poderia realmente fazer com ele, levando-se em conta que, se tivesse algum lucro, eu pouco veria dele ? Por desforra decide nada fazer com o dinheiro”.
Seu discurso foi caracterizado pela contradição. Ele falhou não entendendo a bondade do Senhor, mais vendo a sua própria natureza invejosa e egoísta. Ele se sentiu diminuído, embora afirmasse que temera fazer qualquer investimento com o dinheiro. Ele não usou talento de modo lucrativo, mais parecia esperar palavras elogiosas por apenas telo guardado em segurança. Queria que entendesse que não perdera nada do dinheiro do seu Senhor. Explicitamente, disse que o talento pertencia ao Senhor. Ele o conservara em segurança.
Quando o Senhor entregou a soma de oito talentos aos seus três servos, ele mesmo se tornou dependente da honestidade e da lealdade dos servos. Se eles perdessem o dinheiro em transações comerciais, seria um homem arruinado. Pareceu bastante satisfeito quando o primeiro e o segundo servos mostraram haver dobrado a quantia confiada a eles. Ele os louvou pela diligência e os recompensou generosamente. A chegada do terceiro servo com o único talento levou o Senhor a julgar mal o caráter do servo, que tinha se equivocado a depositar confiança nele, e que em vez de recompensá-lo tinha que puni-lo.

 Palavras de louvor não podiam ser pronunciadas.
 O Senhor chamou o servo de mau e negligente.
 Criticou pela preguiça e falta de lealdade.
 Mandou que retirassem o servo de sua presença

II – O SIGNIFICADO DA PARÁBOLA

a) O homem do vss. 14 – Representa a Cristo que estava para ausentar-se do país e ir para o céu –

b) Os Servos do vss. 14 – Representa os crentes sob o ponto de vista do serviço –
(1 Coríntios 7:22) - Porque o que é chamado pelo Senhor, sendo servo, é liberto do Senhor; e da mesma maneira também o que é chamado sendo livre, servo é de Cristo.
(1 Coríntios 7:23) - Fostes comprados por bom preço; não vos façais servos dos homens.

(2 Pedro 1:1) - SIMÃO Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo:

(Tiago 1:1) - TIAGO, servo de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que andam dispersas, saúde.

(Romanos 1:1) - PAULO, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus.

c) Os seus bens – São as riquezas insondáveis de Cristo
 OS NOSSOS OLHOS PRECISAM DE ENTENDIMENTO PARA DESCOBRIR AS RIQUEZAS DE NOSSA HERANÇA
(Efésios 1:18) - Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos;

d) Talentos – É uma unidade de peso que equivalia a seis mil denários. Talento segundo o nosso vocabulário tem o significado de dons naturais. Talentos nesta parábola representa a dons e capacitações espirituais.

 OS CRENTES PODEM TER DIFERENTES TALENTOS (DONS)
(Romanos 12:6) - De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé;
(Romanos 12:7) - Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino;
(Romanos 12:8) - Ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria.

 HÁ DIVERSIDADE DE TALENTOS (DONS)
(1 Coríntios 12:4) - Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.
(1 Coríntios 12:5) - E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.
(1 Coríntios 12:6) - E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.
(1 Coríntios 12:7) - Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil.
(1 Coríntios 12:8) - Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;
(1 Coríntios 12:9) - E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;
(1 Coríntios 12:10) - E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas.
(1 Coríntios 12:11) - Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.

 CADA UM TEM QUE SABER ADMINISTRAR OS SEUS TALENTOS RECEBIDOS PELO SENHOR
(1 Pedro 4:10) - Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.

 NÃO DEVEMOS ENTERRAR OS NOSSOS TALENTOS QUE NOS FOI ENTREGUE PELO SENHOR
(2 Timóteo 1:6) - Por cujo motivo te lembro que despertes o dom de Deus que existe em ti pela imposição das minhas mãos.

e) Negociar com os talentos – Significa usar os dons que o Senhor nos deu.

 USAR OS DONS REVELA O DEPÓSITO QUE O SENHOR NOS CONFIOU
(1 Timóteo 6:20) - Ó Timóteo, guarda o DEPÓSITO que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência,

 O DEPÓSITO DADO PELO SENHOR O ENTREGAREMOS NAQUELE DIA, TANTO O CAPITAL COMO O LUCRO
(2 Timóteo 1:12) - Por cuja causa padeço também isto, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu DEPÓSITO até àquele dia.

 TEMOS QUE GUARDAR O BOM DEPÓSITO E NÃO ESCONDER
(2 Timóteo 1:14) - Guarda o bom DEPÓSITO pelo Espírito Santo que habita em nós.

 TEMOS QUE NOS ESFORÇAR EM NÃO ENTERRAR O TALENTO
(2TM 2:1) - TU, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus.
(2TM 2:2) - E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.
(2TM 2:3) - Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo.
(2TM 2:4) - Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra.
(2TM 2:5) - E, se alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente.
(2TM 2:6) - O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos.
(2TM 2:7) - Considera o que digo, porque o Senhor te dará entendimento em tudo.
(2TM 2:8) - Lembra-te de que Jesus Cristo, que é da descendência de Davi, ressuscitou dentre os mortos, segundo o meu evangelho;
(2TM 2:9) - Por isso sofro trabalhos e até prisões, como um malfeitor; mas a palavra de Deus não está presa.
(2TM 2:10) - Portanto, tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna.

 TEMOS QUE TRABALHAR COM O TALENTO QUE O SENHOR NOS COLOCOU PARA QUE NO SEU RETORNO, POSSAMOS DEVOLVER O CAPITAL E O LUCRO
(2TM 4:1) - CONJURO-TE, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino,
(2TM 4:2) - Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina.
(2TM 4:3) - Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências;
(2TM 4:4) - E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.
(2TM 4:5) - Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.
(2TM 4:6) - Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo.
(2TM 4:7) - Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.
(2TM 4:8) - Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.

f) Ganhar outros cinco e dois talentos (vs.16) – Significa que esses servos usaram 100% dos talentos que o Senhor lhes deu.

 TEMOS QUE TRABALHAR NÃO SÓ PELA COMIDA QUE PERECE
(João 6:27) - TRABALHAI, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou.

 TEMOS QUE TER DISPOSIÇÃO PARA TRABALHAR
(João 5:17) - E Jesus lhes respondeu: Meu Pai TRABALHA até agora, e eu trabalho também.

 AQUELES QUE LANÇAM A MÃO NO ARADO E OLHAM PARA TRAS NÃO É APTO PARA REINO DE DEUS
(Lucas 9:62) - E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do ARADO e olha para trás, é apto para o reino de Deus.

g) Cavar a terra e enterra o talento (vs.18) – Significa não fazer uso dos dons que Deus confiou traduzindo assim um envolvimento com o mundo sem o uso dos talentos confiados.

h) Depois de muito tempo, veio o Senhor daqueles servos (v.19) – Significa a 2ª vinda de Cristo, onde a Igreja será arrebatada e nos encontraremos com Ele nos ares para comparecer ao Tribunal de Cristo....

i) Ser fiel sobre o pouco (vss.21) – Significa o trabalho que o Senhor direcionou para a Igreja nesta era.
j) A palavra sobre o muito te constituirei (vs.21) – Se refere à autoridade de governar no reino vindouro (milenar, o milênio).

k) O juízo do tribunal de Cristo, será por aquilo que deixamos de fazer (v.ss24 e 25) – O juízo do Senhor para este servo foi pelo que ele mesmo falou.
 O Senhor ceifa onde não semeou,

l) Aquele que trabalhou usando os seus dons espirituais na era da Igreja , ganhará mais talentos (dons espirituais) na era vindoura (milênio) vss. 29 –
(MT 16:24) - Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me;
(MT 16:25) - Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.
(MT 16:26) - Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?
(MT 16:27) - Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras

m) Ser lançado para fora nas trevas exteriores (vs.30) - Não significa perecer, mas ser disciplinado dispensacionalmente, ser desqualificado de participar do desfrute do reino durante o milênio, por não ter tido, por meio de Cristo o devido uso dos dons (talentos) espirituais..
Ser lançado fora, nas trevas exteriores, na era vindoura do reino (milênio), é diferente de ser lançado no lago do fogo após o milênio pela eternidade (Ap.20:15).Por um lado, as trevas exteriores é a não participação do reino milenar, é ficar do lado de fora. Ali, as pessoas que não usaram os seus telentos, os que enterraram, perderão a sua alma, porque na dispensação da graça salvaram-na (vide Mt.16:24-27). Por outro lado, o lago de fogo e de enxofre é destinado ao diabo e seus anjos e todos aqueles que não têm parte com Jesus Cristo na sua Salvação; estes são àqueles que não fizeram parte da primeira ressurreição.

BIBLIOGRAFIA

Nee Watchman. Os danos da segunda Morte.Editora Arvore da Vida. 1ª Edição 1996, São Paulo/SP.

Os Evangelhos – Versão restauração. Editora Arvore da Vida. 1a Edição 1999 . São Paulo – SP

KISTEMAKER, Simon J. As Parábolas de Jesus. Casa Editora Presbiteriana. 1a Edição – 1992. São Paulo – SP

Novo Testamento. Sociedade Bíblica do Brasil

Bíblia eletrônica – Bertolini Informática

Elaborado pelo
Pr.Romildo Gurgel