terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

PARÁBOLA DA GRANDE CEIA


Por
Romildo Gurgel

1 – LEITURA BÍBLICA: (Lc.14:15-25)

2 – INTRODUÇÃO:
Essa grande ceia que o texto se refere, é diferente das bodas em (Mt.22:2-14). As bodas de Mateus visa o galardão no reino. A ceia aqui é para a plena salvação de Deus.

3 – PANO DE FUNDO HISTÓRICO.

Uma pessoa abastada, preparou cuidadosamente uma grande ceia. No dia da ceia, o homem mandou seu servo avisar os convidados que já estava preparada a festa. Ele chegou à casa do primeiro convidado, e disse: “Vinde, porque tudo já está preparado”. Infelizmente o convidado tinha um compromisso e, com tristeza, teve que recusar o convite. Disse ao servo: “Comprei um campo, e preciso ir vê-lo”. Realmente, queria dizer: “Sinto muito, mas não posso comparecer ao banquete. Os negócios vêm antes do prazer. Rogo-te que me tenhas por escusado”. Mandou lembranças ao anfitrião, e esperou que este o compreendesse.
O servo procurou o segundo convidado, e chamou-o para a ceia, pois o anfitrião estava à espera: “Vinde porque tudo já está preparado”. O homem pareceu surpreso, ao ouvir o convite. Estava tratando de negócios. Tinha acabado de pagar uma quantia razoável por cinco juntas de bois e se preparava para experimentá-las. Não podia sair, pois os homens que conduziam os bois dependiam dele. Era o único que podia tomar decisões. Era o chefe, ali. Sair de sua fazenda naquele momento, para tomar parte em u banquete, seria muita irresponsabilidade. Ele expressou profundo pesar e pediu ao servo que levasse suas saudações ao anfitrião. Tinha certeza de que o outro entenderia sua situação embaraçosa.
O servo continuou, e bateu à porta do terceiro convidado. A esta altura já estava preparado para receber resposta negativa ao convite de seu senhor. Quando fez ao convidado, o chamado para o banquete, ficou sabendo que este se casara durante aquela semana, e estaria ocupado com suas próprias festas. Realmente, ele nem precisava se justificar. Ninguém estranharia o fato de o noivo querer ficar ao lado de sua noiva.
Depois de ter falado com todos os convidados, o servo voltou ao anfitrião e transmitiu-lhe toda a desculpa e lembrança enviada. Compreensivelmente, o dono da casa não se sentiu satisfeito. Ficou muito zangado. Não podia perder toda a comida preparada. Não tinha outra escolha senão encher sua casa com outros convidados. Assim ordenou ao servo que fosse às ruas e becos da cidade e trouxesse para a ceia os mendigos, aleijados, cegos e coxos, que encontrasse. O servo cumpriu as ordens do seu amo, mas, quando os convidados já estavam assentados, ainda sobrava lugar. O senhor o enviou,para que buscasse todo os marginalizados pela sociedade, que encontrasse pelos caminhos e atalhos da cidade. O anfitrião queria que todos os lugares do banquete fossem ocupados, de modo que se algum daqueles que convidara antes chegasse atrasado, não poderia entrar, pois não haveria mais lugar.

4 – O AMBIENTE DA PARÁBOLA –
Na residência de um escriba. Mesma casa onde Jesus foi convidado após o culto de sábado (cf. Lc.14:1-14) . Neste local, Jesus havia tecido duas parábolas que no final delas, um dos convidados que estavam ali disse: “Bem-aventurado aquele que comer pão no reino de Deus”.
5 - O MOTIVO DA PARÁBOLA –
A parábola surgiu depois do comentário sobre as Bem-aventuranças daquele que come pão no reino de Deus.

6 – O QUE ENSINA A PARÁBOLA

a) Jesus ensina nesta parábola que os cuidados da vida fazem com que os homens optem em primeiro lugar ao invés do reino -
(Mt.6:33) - Mas buscai [primeiro] o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.

(MT 8:21) - E outro de seus discípulos lhe disse: Senhor, permite-me que primeiramente vá sepultar meu pai.
(MT 8:22) - Jesus, porém, disse-lhe: Segue-me, e deixa os mortos sepultar os seus mortos.
(MT 8:23) - E, entrando ele no barco, seus discípulos o seguiram;

(MT 22:37) - E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.
(MT 22:38) - Este é o primeiro e grande mandamento.
(MT 22:39) - E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.

b) Ensina também que embora os homens prometam se relacionar com Deus, as nossas desculpas surgem devido o acúmulo de responsabilidades –
(MT 26:69) - Ora, Pedro estava assentado fora, no pátio; e, aproximando-se dele uma criada, disse: Tu também estavas com Jesus, o galileu.
(MT 26:70) - Mas ele negou diante de todos, dizendo: Não sei o que dizes.
(MT 26:71) - E, saindo para o vestíbulo, outra criada o viu, e disse aos que ali estavam: Este também estava com Jesus, o Nazareno.
(MT 26:72) - E ele negou outra vez com juramento: Não conheço tal homem.
(MT 26:73) - E, daí a pouco, aproximando-se os que ali estavam, disseram a Pedro: Verdadeiramente também tu és deles, pois a tua fala te denuncia.
(MT 26:74) - Então começou ele a praguejar e a jurar, dizendo: Não conheço esse homem. E imediatamente o galo cantou.
(MT 26:75) - E lembrou-se Pedro das palavras de Jesus, que lhe dissera: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente.

c) Ensina que as nossas obrigações, relacionamentos e conveniências contrariam, freqüentemente, a promessa de amar a Deus, servi-lo. –
(JO 21:15) – E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros.
(JO 21:16) – Tornou a dizer-lhe segunda vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Disse-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas.
(JO 21:17) – Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: SENHOR, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas.
(JO 21:18) – Na verdade, na verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias; mas, quando já fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queiras.

d) Ensina que satisfazemos os nossos próprios interesses e esperamos que Deus nos dê uma segunda oportunidade. –
(Fp.2:21) - Pois todos [buscam] o que é seu, e não o que é de Cristo Jesus.


e) Ensina que as desculpas apresentadas pelos convidados não tinha fundamento e sustentação verdadeira . Examinemos as três desculpas separadamente:

 Desculpa n° 1
“Comprei um campo e preciso ir vê-lo”

Implicações dessa desculpa;

 Como pode um judeu fazer uma compra de um campo sem antes ir vê-lo. Certamente ele seria a última pessoa do mundo a comprar gato por lebre.
 Além disso, se ele comprara o campo sem vê-lo, como poderia enxergá-lo no escuro ? Desde que ele fora convidado para uma ceia, que é uma refeição feita a noite, a melhor ocasião para olhar o campo seria à luz do dia.
 É provável também que aquele homem tivesse visto o campo antes de comprá-lo e que estivesse mais preocupado com o seu investimento.
(Mt.6:24) - Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às [riquezas].

(Mt.13:22) - E o que foi semeado entre os espinhos, este é o que ouve a palavra; mas os cuidados deste mundo e a sedução das [riquezas] sufocam a palavra, e ela fica infrutífera.

(Mc.10:24) - E os discípulos se maravilharam destas suas palavras; mas Jesus, tornando a falar, disse-lhes: Filhos, quão difícil é [para os que confiam nas [riquezas]] entrar no reino de Deus!
 Desculpa n° 2
“Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-los”

Implicações dessa desculpa:

 As cinco juntas de boi poderiam ser experimentadas no dia seguinte.
Se o fazendeiro não tivesse experimentado a junta de boi, teria feito uma grande tolice, depois de comprado experimentar.

 Desculpa n° 3
“Casei-me e por isso não posso ir”.

Implicações dessa desculpa:

 Esta desculpa foi vazia pois quando um homem casa é convidado, a esposa também esta incluído no convite. Se ele não fosse tão egoísta, teria ido a festa com a esposa e proporcionado a ela uma noite agradável.
 Esta terceira homem é a imagem daquelas preocupações e responsabilidades domésticas que tanto controlam o nosso tempo e pensamentos.
 O relacionamento precioso da vida familiar torna-se ainda mais desejável e doce para nós, quando o Senhor é o Cabeça do lar. (cf.Ef.5:25-28; Cl.3:19; 1Pe.3:7)


f) As três desculpas são uma espécie de espinho que crescem e sufocam a palavra - isto lembra a parábola do semeador – (Mt.13:1-8)

g) Hoje milhões de pessoas estão sendo convidada para esta festa, mas muitas pessoas recusam porque olham para si, seus negócios e suas responsabilidades. As vezes também olham para quem esta chamando, ao invés de olhar para o anfitrião que os convida (Jesus).

h) O dono da casa ficou por demais triste e irritado quando recebeu a notícia da recusa dos convidados – (v.21)

i) Os primeiros convidados representam a rejeição em geral de Israel e a oportunidade aos gentios a receberem este convite de salvação.- (vd. Rm11 todo o capítulo)

7 – TRÊS PONTOS CURIOSOS QUE OBSERVAMOS NESTA PARÁBOLA

 - Na primeira chamada que foi rejeitada, o convite foi simplesmente VINDE –

(LC 14:17) - E à hora da ceia mandou o seu servo dizer aos convidados: Vinde, que já tudo está preparado.

 Isto representa a salvação oferecida aos judeus, mas eles rejeitaram o salvador conforme já visto pouco acima.

 - Na segunda chamada lemos: “TRAZE AQUI”

(LC 14:21) - E, voltando aquele servo, anunciou estas coisas ao seu senhor. Então o pai de família, indignado, disse ao seu servo: Sai depressa pelas ruas e bairros da cidade, e traze aqui os pobres, e aleijados, e mancos e cegos.

 Este segundo chamado aos pobres, aleijados, mancos e cegos, simboliza os pecadores e meretrizes gentílicos que acolheram o Filho de Deus e se esforçam para entrar no seu reino.
(Mt.21:31) - Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram eles: O segundo. Disse-lhes Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as [meretrizes] entram adiante de vós no reino de Deus.

 - Finalmente na terceira chamada lemos: “FORÇA-O A ENTRAR”.

(LC 14:23) - E disse o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e força-os a entrar, para que a minha casa se encha.

 Este terceiro chamado foi ainda uma classe mais baixa: vagabundo e andarilhos cujo lar eram as estradas e valados, os quais representam os que vagam na periferia do mundo gentio, as “ovelhas negras”.

Elaboração:
Pr.Romildo Gurgel