quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

--> JUSTIÇA DE DEUS DE FÉ EM FÉ


Como o Bom Pastor, Jesus Cristo deu a Sua vida pelas suas ovelhas na cruz do calvário, cumprindo toda a justiça de Deus, como Ele mesmo disse: "Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas". Jo 10.11.
A justiça de Deus se revela no Evangelho de fé em fé...

É como disse o apóstolo Paulo assim: “Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá pela fé. (...) De sorte que, a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” . Rm 1.17; 10.17.

Como definição, a fé é a confiança oriunda do coração, da alma, e não apenas uma aceitação de crença intelectual. A verdadeira fé implica em o ser e disposição da alma para confiar plenamente em outra pessoa, inclusive na sua palavra. Portanto, a fé cristã é uma completa confiança em Cristo, na Sua Palavra, pela qual se realiza a união da alma com o Seu Espírito, num desejo sincero de viver a vida que Ele aprova, de acordo com a Sua soberana vontade, nos ditames do Evangelho. Por isto que a Bíblia diz: “...sem fé é impossível agradar a Deus” Hb 11:6b. “Ora, a fé é a certeza das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem”. Hb 11:1.

Alguns tipos de fé:

Encontramos mais de um tipo de fé, a saber: a) Fé emocional ou temporária; b) Fé histórica ou tradicional; c) Fé de milagres ou miraculosa; d) Fé viva ou verdadeira; e) Fé intelectual; f) Fé morta ou sem obras; g) Fé salvadora.

a) Fé emocional ou temporária

É a fé momentânea que atinge somente o “eu” emocional do ser humano, sem descer ao coração do pecador, portanto, não gerando arrependimento, transformação e o novo nascimento. É como disse Jesus em Mt 13:19-20: "Ouvindo alguém a Palavra do reino, e não a entendendo, vem o malígno, e arrebata o que foi semeado no seu coração, este é o que foi semeado ao pé do caminho; porém o que foi semeado em pedregais é o que ouve a palavra, e logo a recebe com alegria (emoção); mas não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca duração; e, chegando a angustia e a perseguição, por causa da palavra, logo se ofende”. Portanto, não permanece na fé, e logo volta para o mundo de onde veio, conforme disse o apóstolo Pedro em: 2ª Pe. 2:22b: “(...) O cão voltou ao seu próprio vômito, a porca lavada ao espojadouro de lama”. Com isto fica provado que o falso crente, inconverso, que não era uma ovelha de Jesus, a qual não gosta de lama pecaminosa, voltou para o seu própro lugar do lamaçal do pecado...

b) Fé histórica ou tradicional

O exemplo maior da fé histórica está no Evangelho de João, quando os judeus reinvidicaram a fé tradicional no pai Abraão, dizendo: “Somos descendência de Abraão, e nunca servimos a ninguém; como dizes tu (Jesus), sereis livres? Disse Jesus: “Se pois o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. Se fôsses filhos de Abraão, farieis as obras de Abraão... vós fazeis as obras do vosso pai (...). Vós tendes por pai o diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele foi homicida desde o princípio (...) e não há verdade nele (...) porque é mentiroso, e pai da mentira. Mas, porque digo a verdade, não me credes”. Jo 8:24-51. Portanto, os judeus rejeitaram Jesus, reinvindicando a fé tradicional e histórica, crendo na mentira do diabo e não na verdade do Filho de Deus. Esta fé tradicional não salva.

c) Fé de milagres ou miraculosa

Esse tipo de fé, atualmente, é muito explorado pelos falsos ”missionários”, obreiros mercenários, curandeiros, que exploram a boa fé das pessoas simples, vendendo até mesmo produtos religiosos mágicos, etc. Ler: 2ª Pe. 2:1-4. Devido às grandes carências dos pobres necessitados, esse tipo de clientela tem sido grandemente enganada pelos tais. Também, no tempo de Jesus muitos O seguiam por causa dos milagres, mas, no final do "duro discurso de Jesus sobre o Pão da vida", só doze discipulos ficaram com Ele, depois do sermão e da multiplicação dos pães. Jo 6.60-71. Por último, um dos doze, Judas Iscariotes, O traiu.Veja como Jesus disse: “ Na verdade, na verdade vos digo que me buscais, não pelos sinais que vistes, mas, porque comestes do pão e vos saciastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará, porque a este o Pai, Deus, o selou”. Continuou Jesus falando e disse: “(...) Eu sou o pão (espiritual) que desceu do céu, ...aquele que crer em mim tem a vida eterna, (...) Eu sou o Pão da vida”. Quando ouviram isso disseram: “Duro é este discurso; quem o pode ouvir? (...) muitos dos seus discipulos tornaram para trás, e já não andavam com Ele. Então disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos? Respondeu-lhe Simão Pedro: para quem iremos nós? Tu tens as palavras de vida eterna”. Jo 6:22-71. Outros casos estão registrados na Bíblia, por exemplo: Cura dos 10 leprosos, só um voltou para agradecer a Deus, este foi salvo. Lc 17:11-19; Cura do filho dum régulo: Jo 4:47-54. Muitos seguiam a Jesus pela vida material, e não aceitaram o convite de Jesus para renunciar a vida presente. Ler: Lc. 14:12-24. Muitos hoje em dia, só seguem a Jesus para ter boa vida social e pelos bens materiais, não querem “tomar a cruz, cada dia, e seguir a Jesus. Lc 9:23-25; 14:33-34. “O Deus deles é o ventre”, como disse o apostólo Paulo: “São inimigos da cruz de Cristo”. Leiam: Mt 6.24-34; Fil 3:18-19.

d) Fé viva ou verdadeira

È a fé que é autenticada pelas obras e pelo testemunho de uma vida transformada, integralmente. Como disse o apóstolo Paulo: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é ; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. II Cor 5:17. Ela é a gênesis do novo nascimento para uma nova vida em Cristo Jesus, conforme está escrito: “Jesus respondeu a Nicodemos: Na verdade, na verdade, te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito ...necessário vos é nascer de novo”. Jo 3:5-7.

e) Fé intelectual dogmática.

É aquela fé que alguem crer, somente, em um sistema religioso, num credo dogmático, anatematizador, sem experiência de novo nascimento ou de regeração. É uma crença só na mente e não na alma, no "ego", sem trnsformação e mundaça de mente e comportamento. Exemplo: Um príncipe rico que teve um encontro com Jesus dizia que guardava, religiosamente, todos os mandamentos desde a sua mocidade, mas, quando Jesus disse que desse todos seus bens aos pobres e O seguisse, ele se entristeceu e voltou para sua vida religiosa tradicional. Vejamos em: Lc 18.18-30. "E perguntou-lhe um dos principais: Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna? (...) Sabes os mandamentos: (...) Replicou o homem: Tudo isso tenho guardado desde a minha juventitude". (...) Quando Jesus ouviu isso, disse-lhe: Ainda te falta uma coisa: vende tudo quanto tens e reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu, e vem, segue-me. Mas, ouvindo ele isso, encheu-se de tristeza, porque era muito rico. E Jesus, vendo-o assim, disse: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!" Lc 18.18, 22-24.

f) Fé morta ou sem obras

Como Tiago disse: “Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta”. Tg. 2:26. A Fé morta, é a fé teórica produzida simplesmente pela filosofia intelectualizada da mente humana, sem a interferência do Espírito Santo. Veja o que Paulo diz neste sentido: “A minha palavra, e a minha pregação, não consistiu em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder; para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus”. 1ª Cor 2.4-5. A fé sem obras por sí mesma é morta, como disse Tiago: “Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma; (...) assim também a fé sem obras é morta.” Tg 2:4, 17. A fé morta não salva, como disse Jesus: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”. Mt 7.22-23. Fé de milagres sem salvação, porque era misturada com a iniquidade!!! Muitos, vendo os sinais que Ele fazia, creram no Seu nome, mas, sem arrependimento. (...) Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia. Jo 2:23,24. Outros criam, intelectualmente, mas, não O confessavam: (...) muitos dos principais creram nele; mas não o confessavam por causa dos fariseus... Jo 12:42,43. Outros criam, superficialmente, mas, na hora da provação se desviam: (...) mas, como não têm raiz, apenas crêm por algum tempo, e no tempo da tentação se desviam. Lc 8:13. Simão Mago creu e foi batizado “mas seu coração não era reto diante de Deus”... Simão creu por causa dos milagres, mas não se converteu. At 8:12-22. Como disse o apóstolo Pedro: “(...) entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão heresias de perdição (...), e muitos seguirão (...), pelos quais será blasfemado o caminho da verdade, e por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas (...) e sua perdição não dormita” 2ª Pe 2:1-3. O crente genuino faz boas obras porque é salvo, e não para ser salvo. (Ef 2.10).

g) A fé Salvadora

Esta é a fé genuina que salva o pecador. É a fé como confiança, verdadeira, que salva o pecador arrependido da condenação eterna, quando crer sinceramente em Jesus Cristo como seu único e suficiente Salvador, com consequente segurança eterna. Exemplos: Disse Jesus: “De fato a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer, tenha a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia. (Jo 6:40). Em verdade, em verdade vos digo: Quem crê, tem a vida eterna”. Jo 6:47. A indagação do carcereiro de Filipos, sobre a fé salvadora, está em Atos 16:30: “(...) que é necessário que eu faça para me salvar? A resposta certa está em Atos 16:31, “(...) crê no Senhor Jesus Cristo, e serás salvo, tu e a tua casa”. E é de graça porque o preço da redenção dos pecados já foi pago na cruz do calvário por Jesus, conforme está escrito: “Porque, pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” Ef 2:8-9. Na obra perfeita e suficiente de Jesus Cristo na cruz, foi cumprida toda justiça que Deus exigia e exige de nós, dando-nos eterna segurança, como Jesus disse em Jo 10:28-30, assim: “...Dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai”. Também o apóstolo Paulo reafirma dizendo: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito Rm 8:1
(...) Quem intentará acusação comtra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica; quem os condenará? Cristo Jesus é quem morreu, ou antes quem ressurgiu dentre os mortos, o qual está a direitoa de Deus, e também intercede por nós". (Rm 8.33-34) . Esta é a fé salvadora que salva eternamente o pecador arrependido. (Rm 8).

Por: Pr.Djalma
(Igreja de Cristo em São Paulo)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

--> O Evangelho dos evangélicos

Por Ed René Kivitz

Nem todo aquele que me diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus." [Jesus Cristo]
Estou convencido de que um é o evangelho dos evangélicos, outro é o evangelho do reino de Deus. Registro que uso o termo "evangélico" para me referir à face hegemônica da chamada igreja evangélica, como se apresenta na mídia radiofônica e televisiva. (grifo meu).
O evangelho dos evangélicos é estratificado. Tem a base e tem a cúpula. Precisamos falar com muito cuidado da base, o povo simples, fiel e crédulo. Mas precisamos igualmente discernir e denunciar a cúpula. A base é movida pela ingenuidade e singeleza da fé; a cúpula, muita vez é oportunista, mal intencionada, e age de má fé. A base transita livremente entre o catolicismo, o protestantismo e as religiões afro. A base vai à missa no domingo, faz cirurgia em centro espírita, leva a filha em benzedeira, e pede oração para a tia que é evangélica. Assim é o povo crédulo e religioso. Uma das palavras chave desta estratificação é "clericalismo": os do palco manipulando os da platéia, os auto-instituídos guias espirituais tirando vantagem do povo simples, interesseiro, ignorante e crédulo.
A cúpula é pragmática, e aproveita esse imaginário religioso como fator de crescimento da pessoa jurídica, e enriquecimento da pessoa física. Outra palavra chave é "sincretismo". A medir por sua cúpula, a igreja evangélica virou uma mistura de macumba, protestantismo e catolicismo. Tem igreja que se diz evangélica promovendo "marcha do sal": você atravessa um tapete de sal grosso, sob a bênção dos pastores, e se livra de mal olhado, dívida, e tudo que é tipo de doença. Já vi igreja que se diz evangélica distribuir cajado com água do Jordão (i.é, um canudo de bic com água de pia), para quem desejasse ungir o seu negócio, isto é, o seu business. Lembro de assistir a um programa de TV onde o apresentador prometia que Deus liberaria a unção da casa própria para quem se tornasse um mantenedor financeiro de sua igreja.
O povo religioso é supersticioso e cheio de crendices. Assim como o Brasil. Somos filhos de portugueses, índios, africanos, e muitos imigrantes de todo canto do planeta. Falar em espíritos na cultura brasileira é normal. Crescemos cheios de crendices: não se pode passar por baixo de escada; gato preto dá azar; caiu a colher, vem visita mulher, caiu garfo, vem visita homem; e outras tantas idéias sem fundamento. Somos assim, o povo religioso é assim. Tem professor de universidade federal dando aula com cristal na mão para se energizar enquanto fala de filosofia.
E a cúpula evangélica aproveita a onda e pratica um estelionato religioso: oferece uma proposta ritualística que aprisiona, promove a culpa e, principalmente, ilude, porque promete o que não entrega. Aliás, os jornais começam a noticiar que os fiéis estão reivindicando indenizações e processando igrejas por propaganda enganosa.
O evangelho dos evangélicos é estratificado. A base é movida pela ingenuidade e singeleza da fé, e a cúpula é oportunista. A base transita entre o catolicismo, o protestantismo e as religiões-afro, e a cúpula é pragmática. A base é cheia de crendices e a cúpula pratica o estelionato religioso.
O evangelho dos evangélicos é mercantilista, de lógica neoliberal. Nasce a partir dos pressupostos capitalistas, como, por exemplo, a supremacia do lucro, a tirania das relações custo-benefício, a ênfase no enriquecimento pessoal, a meritocracia - quem não tem competência não se estabelece. Palavra chave: prosperidade. Desenvolve-se no terreno do egocentrismo, disfarçado no respeito às liberdades individuais. Palavra chave: egoísmo. Promove a desconsideração de toda e qualquer autoridade reguladora dos investimentos privados, onde tudo o que interessa é o lucro e a prosperidade do empreendedor ou investidor. Palavra chave: individualismo. Expande-se a partir da mentalidade de mercado. Tanto dos líderes quanto dos fiéis. Os líderes entram com as técnicas de vendas, as franquias, as pirâmides, o planejamento de faturamento, comissões, marketing, tudo em favor da construção de impérios religiosos. Enquanto os fiéis entram com a busca de produtos e serviços religiosos, estando dispostos inclusive a pagar financeiramente pela sua satisfação. Em síntese, a religião na versão evangélica hegemônica é um negócio.
O sujeito abre sua micro-empresa religiosa, navega no sincretismo popular, promete mundos e fundos, cria mecanismos de vinculação e amarração simbólicas, utiliza leis da sociologia e da psicologia, e encontra um povo desesperado, que está disposto a pagar caro pelo alívio do seu sofrimento ou pela recompensa da sua ganância.
Em terceiro lugar, o evangelho dos evangélicos é mágico. Promove a infantilização em detrimento da maturidade, a dependência em detrimento da emancipação, e a acomodação em detrimento do trabalho.
Pra ser evangélico você não precisa amadurecer, não precisa assumir responsabilidades, não precisa agir. Não precisa agregar virtudes ao seu caráter ou ao processo de sua vida. Primeiro porque Deus resolve. Segundo porque se Deus não resolver, o bispo ou o apóstolo resolvem. Observe a expressão: "Estou liberando a unção". Pensando como isso pode funcionar, imaginei que seria algo como o apóstolo ou bispo dizendo ao Espírito Santo: "Não faça nada por enquanto, eles não contribuíram ainda, e eu não vou liberar a unção".
Existe, por exemplo, a unção da superação da crise doméstica. Como isso pode acontecer? A pessoa passa trinta anos arrebentando com o seu casamento, e basta se colocar sob as mãos ungidas do apóstolo, que libera a unção, e o casamento se resolve. Quem não quer isso? Mágica pura.
O sujeito é mau-caráter, incompetente para gerenciar o seu negócio, e não gosta de trabalhar. Mas basta ir ao culto, dar uma boa oferta financeira, e levar para casa um vidrinho de óleo de cozinha para ungir a empresa e resolver todos os problemas financeiros.
Essa postura de não assumir responsabilidades, de não agir com caráter, e esperar que Deus resolva, ou que o apóstolo ou bispo liberem a unção tem mais a ver com pensamento mágico do que com fé.
Em quarto lugar, o evangelho dos evangélicos tem espírito fundamentalista. Peço licença para citar Frei Beto: "O fundamentalismo interpreta e aplica literalmente os textos religiosos, não sabe que a linguagem simbólica da Bíblia, rica em metáforas, recorre a lendas e mitos para traduzir o ensinamento religioso." O espírito fundamentalista é literalista, e o mais grave é que o espírito fundamentalista se julga o portador da verdade, não admite críticas, considerações ou contribuições de outras correntes religiosas ou científicas.
Quem tem o espírito fundamentalista não dialoga, pois considera infiéis, heréticos, ou, na melhor das hipóteses, equivocados sinceros, todos os que não concordam com seus postulados, que não são do mesmo time, e não têm a mesma etiqueta. Quem tem o espírito fundamentalista se considera paradigma universal. Dialoga por gentileza, não por interesse em aprender. Ouve para munir-se de mais argumentos contra o interlocutor. Finge-se de tolerante para reforçar sua convicção de que o outro merece ser queimado nas fogueiras da inquisição. Está convencido de que só sua verdade há de prevalecer.
Mais uma vez Frei Beto: "o fundamentalista desconhece que o amor consiste em não fazer da diferença, divergência". Por causa do espírito fundamentalista, o evangelho dos evangélicos é sectário, intolerante, altamente desconectado da realidade. O evangelho dos que têm o espírito do fundamentalismo é dogmático, hermético, fechado a influências, e, portanto, é burro e incoerente.
Em quinto lugar, o evangelho dos evangélicos é um simulacro. Simulacro é a fotografia mais bonita que o sanduíche. Não me iludo, o evangelho dos evangélicos é mais bonito na televisão do que na vida. As promessas dos líderes espirituais são mais garantidas pela sua prepotência do que pela sua fé. Temos muitos profetas na igreja evangélica, mas acredito que tenhamos muito mais falsos-profetas. Os testemunhos dos abençoados são mais espetaculares do que a realidade dos cristãos comuns. De vez em quando (isso faz parte da dimensão masoquista da minha personalidade) fico assistindo estes programas, e penso que é jogada de marketing, testemunho falso. Mas o fato é que podem ser testemunhos por amostragem. Isto é, entre os muitos que faliram, há sempre dois ou três que deram certo. O testemunho é vendido como regra, mas na verdade é apenas exceção.
A aparência de integridade dos líderes espirituais é mais convincente na TV e no rádio do que na realidade de suas negociatas. A igreja evangélica esta envolvida nos boatos com tráficos de armas, lavagem de dinheiro, acordos políticos, vendas de igrejas e rebanhos, imoralidade sexual, falsificação de testemunho, inadimplência, calotes, corrupção, venda de votos.
A integridade do palco é mais atraente do que a integridade na vida. A fé expressa no palco, e nas celebrações coletivas é mais triunfante, do que a fé vivida no dia a dia. Os ideais éticos, e os princípios de vida são mais vivos nos nossos guias de estudos bíblicos e sermões do que nas experiências cotidianas dos nossos fiéis. Os gabinetes pastorais que o digam: no ambiente reservado do aconselhamento espiritual a verdade mostra sua cara.
Estratificado, mágico, mercantilista, fundamentalista, e simulacro. Eis o evangelho dos "evangélicos".

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

A Porta do Reino de Deus

A Porta do Reino de Deus
Jesus nos deu a incumbência de fazer discípulos. Em vista disso, uma pergunta que surge freqüentemente é: o que devemos falar para fazer discípulos? Para responder a esta pergunta, devemos primeiro ler At 2:22-39. Aqui nós observamos a primeira investida da Igreja, quando ela começa a obedecer o mandamento de Jesus. Qual o conteúdo da mensagem de Pedro? Esta pregação se divide em duas partes:

a) Pedro fala sobre Jesus, sua vida e sua obra.

v22- Fala dos milagres prodígios e sinais (obra tremenda e grandiosa)
v23- Fala da sua morte na cruz (mostrando que o Pai o entregou)
v24-32- Fala da sua ressurreição usando duas provas: as promessas feitas a Davi (v24-32) e o testemunho deles mesmos, que viram a Jesus ressuscitado(v32)
v33-35- Fala da exaltação de Jesus.
v36- Proclama que Jesus é Senhor e Cristo.

Esta proclamação sobre Jesus, sua vida, morte, ressurreição, exaltação e senhorio é que vai produzir fé no coração daquele que ouve. Ninguém pode experimentar o novo nascimento se não for pela fé no Senhor ressuscitado (Rm8:9). Isto não pode ser feito de maneira formal ou acadêmica, mas deve ser dada com simplicidade, alegria, autoridade e unção do Espírito Santo. Aquele que proclama deve estar cheio de fé, para produzir fé naquele que ouve.

b) Pedro fala a eles o que devem experimentar de entrada no Reino de Deus.

Quando os que ouviram Pedro deram crédito a sua palavra e temeram (v37), então Pedro lhes deu a segunda parte da mensagem (v38). Na primeira parte ( v22-36) ele falou do que Jesus fez. Agora ele vai falar do que Jesus quer que nós façamos.

"Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo." At2:38

Aqui há um indicação clara. São três realidades distintas que devem ser experimentadas logo no início de nossa vida com Cristo.

· As duas primeiras são condições para entrarmos no Reino de Deus.

· A terceira é uma promessa de Deus aqueles que preenchem as condições.

Podemos dizer que esta é a Porta do Reino. A fé na proclamação de Jesus não é a própria entrada no reino. A fé é a base, aquilo que vai me dar poder para entrar, vai me dar poder para ser um filho de Deus (Jo1:12).

A fé não é a porta do reino, ela é o que dá poder para entrar.

A porta de entrada do Reino de Deus constitui em:

Arrepender-se
Ser batizado em nome de Jesus e
Receber o dom do Espírito Santo
Vimos então que Pedro falou de duas coisas: Falou de Jesus e da Porta do Reino. Isto é o que devemos falar para fazer discípulos.

Falar da obra de Jesus na esperança de que os homens creiam sem colocar as condições para ser um discípulo, produz uma fé que não tem como se expressar e logo se torna uma fé morta. Este tem sido um dos principais erros da Igreja neste século.

Por outro lado, falar das demandas (exigências ) do reino, sem comunicar a graça de Jesus Cristo produz uma religiosidade legalista e sem poder. Do mesmo modeo que estar arrependido e batizado sem receber o Espírito Santo implica numa vida infrutífera no desempenho do seu serviço.

É necessário comunicar a Verdade sobre Jesus, Os mandamentos e a Promessa do v38. A verdade produz fé para a obediência, os mandamentos direcionam essa obediência e a promessa capacita para o testemunho.

Extraído do site: discipulos.com